terça-feira, 21 de outubro de 2008

Política no Ciberespaço

a)Como as redes no ciberespaço influenciam a política? Dê exemplos.

Com a junção entre comunicação de massa e política nasce o que Schwartzenberg (1978125) irá chamar de “indústria do espetáculo político”. Para ele, a política ajustada ao ciberespaço, faz surgir tal indústria que é animada pelos gerentes de campanhas e tem como personagens os próprios políticos, que, inspirados em técnicas teatrais e cinematográficas, montam seus espetáculos. Nesse sentido, a internet teria influência no que tange ao convencimento e a conquista da opinião pública por determinado candidato. Acreditamos que Schwartzenberg (1978: 162), compartilha desta idéia a partir do momento em que afirma que a internet pode servir para “vender” pessoas, mais do que idéias. Políticos são construídos, discursos são formados, eleitores se transformam em público espectador, enfim, toda a arena é montada para o espetáculo da política acontecer. “Internautas” são ensinados, treinados, vestidos, maquiados para atuarem nesse show, com a missão de convencer eleitores e conquistar sua cadeira executiva ou legislativa. É assim que os responsáveis por campanhas políticas utilizam o ciberespaço para vender o seu “produto”. Acreditamos que a influência exercida hoje pela internet faz com que as pessoas escolham algo muito mais pelo emocional do que pelo racional. Da mesma forma isso pode acontecer na política, pois, na contemporaneidade, os grandes líderes não são mais conhecidos por sua vida política, eles são fabricados pela imagem.
Assim, as pessoas não vêem políticos a partir de sua história pública, mas a partir de personagens políticos construídos. A televisão e o rádio, assim como outros veículos de comunicação, causaram mudanças sociais e políticas na sociedade, esse aspecto já foi brevemente discutido neste texto.

b)Como a economia digital e a política se interrelacionam? Exemplifique.

A indústria da informática tem crucial importância porque inclusive a política, dentre outras áreas requerem a cada dia maior utilização de seus produtos. Pode-se dizer que a maioria das atividades produtivas, em todos os setores da economia, assim como a vida em sociedade, de maneira geral, são hoje inteiramente dependentes deles. No que se refere à infra-estrutura de telecomunicações, duas características são a ela essenciais: alta capacidade para transmitir sinais eletrônicos, e interatividade. Para alcançar estas características, ela tem se tornado digital, porque só assim pode adotar os padrões técnicos avançados da informática e desenvolver a capacidade de transmitir qualquer tipo de sinal - voz, vídeo, dados, gráficos, música, textos - inclusive simultaneamente. Dessa maneira a política, que precisa divulgar ao máximo sua ideologia pode se favorecer com o uso de diversas ferramentas extremamente econômicas, práticas e de grande alcanço.
Algumas inquietações relacionam-se à possibilidade de mudança no fluxo do pensamento sobre a democracia política pós-moderna. Parece haver uma mistura de formas democráticas: em alguns lugares, temos a participação democrática; em outros, a representação. Na democracia eletrônica o cidadão poderia exercer um novo tipo de poder civil, se isso significasse mais do que a simples habilidade de votar por meio da técnica. Um dos fundamentos da ciberdemocracia seria a mutação do conceito de esfera pública clássica. As bases tecnológicas da ciberdemocracia se encontrariam nas comunidades virtuais, nos softwares de conversação, nas “comunidades inteligentes”, nas “ágoras virtuais”, no ciberativismo, nas cidades digitais, no voto eletrônico, enfim, na “governação eletrônica”. As oportunidades oferecidas pela rede devem ser vistas de modo associado às motivações dos próprios atores sociais e aos procedimentos da comunicação estabelecida entre eles. Pode-se encontrar nas tecnologias digitais uma virtual emancipação do indivíduo enquanto agente comunicador, no entanto, é preciso salientar a subjetividade do processo, percebendo que fatores essenciais, como motivação, autonomia e iniciativa não são propiciados pela tecnologia que se tem em mãos, mas por razões pessoais, individuais intrínsecas ao próprio ator enquanto cidadão potencialmente interagente. Mesmo as tecnologias digitais de conversação, serviços e todos os campos virtuais interativos capazes de aproximar os cidadãos dos debates e de representantes políticos, dependem de outras questões que não técnicas para promover ou revitalizar os mecanismos democráticos.

c) Encontre uma página de um partido político e analise quais opções de participação o site oferece aos cidadãos. Analise como a Internet pode influenciar a cidadania das pessoas.

O candidato Marcos Estrela tenta construir seu capital político por meio da Internet. A partir de um canal de bate-papo e de uma web-rádio, Marcos Estrela divulga seu nome e seus trabalhos, alguns deles, como ele mesmo afirma, voltados para comunidade carente. Com a expansão da Internet muitas ferramentas foram criadas e algumas delas, que a princípio surgiram para determinados fins, hoje são utilizadas para as mais diversas ações. É o que acontece, por exemplo, com os canais de IRC 4 Da Internet que hoje são utilizados para atender aos mais diversos objetivos. Marcos Estrela, por exemplo, faz uso de um canal 5 de IRC para diversas ações, entre elas, políticas. O canal foi criado com esse intuito, e o sucesso da idéia foi tanto que nos primeiros anos de funcionamento o chat registrou cerca de 36 mil acessos mensais. Essa quantidade de usuários ajudou com que Estrela pusesse em prática, o seu primeiro trabalho social: uma campanha de doação de alimentos 6 A campanha funcionava da seguinte maneira: o canal divulgava a campanha dentro do próprio chat e tratava da arrecadação dos alimentos que geralmente acontecia em meio a uma festa, com apresentação de bandas e discursos. Depois, sempre com a presença de Marcos Estrela, era feita a distribuição desses alimentos em comunidades carentes; tudo era registrado em fotos, filmagens etc. Segundo o então candidato, esse trabalho foi o primeiro passo, dado por ele, para ingressar diretamente na política, pois, apesar dele possuir um relacionamento muito próximo com políticos tradicionais da cidade, ele jamais havia pensado em seguir carreira pública. A idéia da candidatura de Marcos Estrela partiu dele próprio quando percebeu que a campanha de doação poderia se configurar uma boa forma de garantir votos em alguma disputa política. Para Marcos, o trabalho social possuía uma estratégia interessante “o evento era para o público A e B, que é o pessoal mais elitizado (...) e quem ia ganhar era o público C, com os alimentos. Então a gente trabalhava as três classes sociais”. (Marcos Estrela, entrevista realizada em 17/12/2005). Ou seja, Estrela percebe que a Internet é um meio de comunicação e informação ainda elitizado, no sentido de que boa parte da população ainda não tem acesso a ele, porém, ele vê uma maneira de chegar até a todas as classes sociais, atuando de maneira diferenciada em cada uma delas. É importante atentar para uma grande vantagem que a a Internet tem em relação a outros veículos de comunicação: a interação. Diferente da televisão, por exemplo, a Internet possibilita que o eleitor saia da situação de passividade e interaja, opinando, criticando e se posicionando dentro de um processo eleitoral. É o que acontece, por exemplo, nos sites de candidatos em período de campanhas. É claro que os candidatos vão tentar construir barreiras que possibilite a filtragem de mensagens indesejadas, porém, a Internet possibilita ferramentas que fazem com que outra perspectiva de comunicação surja e faça com que os eleitores prós e contras se conformem dentro do veículo.






d)De que forma apropriação, desvio e despesa influenciam a política no ciberespaço?
Da relação política e ciberespaço pode emergir uma esfera pública política fabricada em momentos de eleição, enquadrando-se nos moldes da decadente esfera pública burguesa. Esse espaço temporariamente estabelecido reproduz a esfera na qual vigora a lei da cultura de integração: o setor político é conectado ao de consumo e a propaganda é assumida como função da esfera pública. Através do “marketing” político tenta-se vender política apoliticamente; os meios de comunicação tornam-se meros transmissores de ideologias; o próprio eleitorado enquanto público se desintegrou. Tem-se um clima de opinião, não, efetivamente, uma opinião pública. Padrões de administração das relações entre os poderes adaptados à realidade tecnológica da sociedade são pensados e procurados por aqueles que se preocupam com as questões políticas.Há, no entanto, uma tendência de discurso que considera que a rede pode expandir o campo de interação e que é possível que isso gere uma renovação da democracia participativa, embora tais disposições demonstrem que nada disso acontecerá sem um comprometimento ativo dos cidadãos. Para a existência de uma esfera pública, muito além do corpo físico, são indispensáveis as ações, o verbo, as interações, as trocas de idéias e experiências. O ciberespaço é permeado por práticas sociais. Nele a materialidade e as relações humanas codificam-se na linguagem. A relevância do físico está nas interações e na sociabilidade, não na presença corpórea. As tecnologias digitais, com seus “chats”, fóruns de discussão e todos os campos virtuais de interação, dependem de outras questões que não as técnicas para promover ou revitalizar os mecanismos democráticos. Nem mesmo a aproximação dos indivíduos conectados é proporcionada apenas por existirem softwares que, ilusória e pretensamente, assumem tal função. As (tecno) estruturas comunicacionais não são suficientes para fortalecer a democracia ou o movimento deliberativo. A tecnologia por si só, não transforma o cidadão pacato num ativista social, também não determina o procedimento da interação comunicativa, tampouco garante ou promove a reflexão crítico-racional; tão-somente facilita o armazenamento e a circulação dos estoques informativos e agilizam as buscas por uma diversidade de fontes informativas. O interesse político e o engajamento cívico não são elementos dados. Não há mecanismos automáticos que levem à democratização da vida pública.

Um comentário:

raquel disse...

Excelentes respostas, Simone! Dá para fazer um artigo daí. :)